PEQUENO CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DA ORIGEM E EVOLUÇÃO
O primeiro tratado escrito sobre um novo instrumento, denominado expressamente “Guitarra Espanhola”, data de 1586 e é da autoria de JUAN CARLOS AMAT . Este novo instrumento tem 5 ordens de cordas e afina “lá ré sol si mi” do grave para o agudo.
No séc. XVII está largamente difundido em Portugal.
Em 1789 publica-se em Coimbra a nova arte da viola, de MANUEL DA PAIXÃO RIBEIRO. Segundo ele, a viola tem 5 ordens de cordas, armando com 12, com a afinação do agudo para o grave mi si sol ré lá, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas.
“A viola, devido às suas possibilidades e regularidade cromática e maleabilidade de afinação, acompanhou e adaptou-se facilmente às transformações que a música sofreu no decurso dos séc. XVII e XVIII, apresentando-se hoje como o instrumento popular próprio da música do tipo recente, mais acessível ao gosto actual do povo, contrapondo-se aos instrumentos do ciclo pastoril - a gaita de foles, o tamboril, a flauta e o adufe, especificamente ajustados às escalas e exigências rítmicas da música arcaica, austera e cerimonial ou mesmo festiva.” (ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA)
A viola chega aos Açores provavelmente em finais do sec. XVI ou princípios do sec. XVII. No arquipélago toma características comuns a todas as ilhas, o que nos leva, com toda a certeza, a considerar a existência de uma “viola tradicional açoriana” e englobá-la na grande família das violas Portuguesas, - eventualmente uma irmã gémea da viola coimbrã. Esta viola manteve as suas características fundamentais primitivas em todas as Ilhas, mas aqui e acolá foi adquirindo particularidades estéticas diferenciadas, sabendo-se por elas a sua origem A afinação foi sofrendo também algumas alterações, prevalecendo no entanto na maioria das ilhas a afinação original.
É apenas na Ilha Terceira que nos aparece, provavelmente na segunda metade do séc. XIX, um instrumento semelhante às violas Açorianas, exibindo no entanto algumas diferenças fundamentais: é acrescentada às suas cinco parcelas mais uma ordem de 3 cordas que afinam em mi; a caixa de ressonância é aumentada, assim como o braço, aumentando simultaneamente o número de pontos – trastes - dando-lhe mais potencialidades para a execução dos exigentes temas musicais tradicionais terceirenses.
A forma de tocar assume aqui uma componente muito relevante: passa-se do rasgar puro e simples, quase sempre com o polegar, de cima para baixo, como acontece ainda hoje por exemplo nas ilhas de S. Miguel ou das Flores para um dedilhar de baixo para cima, utilizando o indicador, reservando o polegar para eventuais acompanhamentos nas cordas graves. Esta nova forma de tocar aumenta de executantes à medida que vão desaparecendo as motivações pelas quais as pessoas se juntavam e dançavam as modas tradicionais em que era bastante marcar, rasgando, o compasso e os tons da música que era cantada por todos, sem se dar grande importância à voz realçando-se acima de tudo o texto das quadras ou sextilhas que eram “atiradas” em permanente despique.
Mas é sobretudo com o aparecimento dos modernos meios de retenção e difusão áudio, que aparecem os virtuosos executantes deste instrumento. Retirados de todo o contexto, eles assumem aqui um papel de topo, tal como os cantadores. O que é importante agora é a execução musical e a voz do cantador. Às músicas simples do povo são acrescentados magníficos rendilhados tantos quantos o poder de criatividade do executante lhe permitissem.
É esta forma de tocar e este instrumento que nos é deixado como herança, e é sobre ele que recai hoje em dia toda a responsabilidade melódica das músicas populares terceirenses, dançadas e recriadas pelos grupos de Folclore.
O primeiro tratado escrito sobre um novo instrumento, denominado expressamente “Guitarra Espanhola”, data de 1586 e é da autoria de JUAN CARLOS AMAT . Este novo instrumento tem 5 ordens de cordas e afina “lá ré sol si mi” do grave para o agudo.
No séc. XVII está largamente difundido em Portugal.
Em 1789 publica-se em Coimbra a nova arte da viola, de MANUEL DA PAIXÃO RIBEIRO. Segundo ele, a viola tem 5 ordens de cordas, armando com 12, com a afinação do agudo para o grave mi si sol ré lá, sendo as três primeiras duplas e as duas últimas triplas.
“A viola, devido às suas possibilidades e regularidade cromática e maleabilidade de afinação, acompanhou e adaptou-se facilmente às transformações que a música sofreu no decurso dos séc. XVII e XVIII, apresentando-se hoje como o instrumento popular próprio da música do tipo recente, mais acessível ao gosto actual do povo, contrapondo-se aos instrumentos do ciclo pastoril - a gaita de foles, o tamboril, a flauta e o adufe, especificamente ajustados às escalas e exigências rítmicas da música arcaica, austera e cerimonial ou mesmo festiva.” (ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA)
A viola chega aos Açores provavelmente em finais do sec. XVI ou princípios do sec. XVII. No arquipélago toma características comuns a todas as ilhas, o que nos leva, com toda a certeza, a considerar a existência de uma “viola tradicional açoriana” e englobá-la na grande família das violas Portuguesas, - eventualmente uma irmã gémea da viola coimbrã. Esta viola manteve as suas características fundamentais primitivas em todas as Ilhas, mas aqui e acolá foi adquirindo particularidades estéticas diferenciadas, sabendo-se por elas a sua origem A afinação foi sofrendo também algumas alterações, prevalecendo no entanto na maioria das ilhas a afinação original.
É apenas na Ilha Terceira que nos aparece, provavelmente na segunda metade do séc. XIX, um instrumento semelhante às violas Açorianas, exibindo no entanto algumas diferenças fundamentais: é acrescentada às suas cinco parcelas mais uma ordem de 3 cordas que afinam em mi; a caixa de ressonância é aumentada, assim como o braço, aumentando simultaneamente o número de pontos – trastes - dando-lhe mais potencialidades para a execução dos exigentes temas musicais tradicionais terceirenses.
A forma de tocar assume aqui uma componente muito relevante: passa-se do rasgar puro e simples, quase sempre com o polegar, de cima para baixo, como acontece ainda hoje por exemplo nas ilhas de S. Miguel ou das Flores para um dedilhar de baixo para cima, utilizando o indicador, reservando o polegar para eventuais acompanhamentos nas cordas graves. Esta nova forma de tocar aumenta de executantes à medida que vão desaparecendo as motivações pelas quais as pessoas se juntavam e dançavam as modas tradicionais em que era bastante marcar, rasgando, o compasso e os tons da música que era cantada por todos, sem se dar grande importância à voz realçando-se acima de tudo o texto das quadras ou sextilhas que eram “atiradas” em permanente despique.
Mas é sobretudo com o aparecimento dos modernos meios de retenção e difusão áudio, que aparecem os virtuosos executantes deste instrumento. Retirados de todo o contexto, eles assumem aqui um papel de topo, tal como os cantadores. O que é importante agora é a execução musical e a voz do cantador. Às músicas simples do povo são acrescentados magníficos rendilhados tantos quantos o poder de criatividade do executante lhe permitissem.
É esta forma de tocar e este instrumento que nos é deixado como herança, e é sobre ele que recai hoje em dia toda a responsabilidade melódica das músicas populares terceirenses, dançadas e recriadas pelos grupos de Folclore.