sábado, 31 de maio de 2008

ADÁGIOS DE JUNHO


A chuva de S. João tolhe a vinha e não dá pão.
Ande o Verão por onde andar pelo S. João há-de chegar.
Chuva de Junho mordedura de víbora
Chuva junhal fome geral
Em Junho abafadiço fica a abelha no cortiço.
Em Junho foice no punho.
Enxame de Junho nem que seja como punho
Guarda lenha para Abril, pão para Maio e o melhor tição para o S. João.
Junho calmoso, ano famoso.
Junho chuvoso ano perigoso
Junho floreiro, paraíso verdadeiro.
Junho quente, Julho ardente.
Junho, dorme-se sobre o punho.
Lavra pelo S. João e terás palha e pão.
Pelo S. João deve o milho cobrir o chão.
Pintos de S. João pela Páscoa ovos dão.
Sol de Junho amadura tudo
Sol de Junho madruga muito.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

CARROS DE TOLDO

Os "carros de toldo" são um ex-libris dos bodos na ilha Terceira. Hoje com maior visibilidade nas freguesias do "ramo grande"mas noutros tempos comuns a toda a Ilha.

Até meados do séc. passado ir a uma "festa" era uma verdadeira festa. As famílias reuniam-se em grupo com os parentes mais chegados ou com os amigos e "botavam-se" ao caminho quase sempre ainda antes do sol nado. Chegar cedo era sinal de se "arranjar" os melhores lugares.


Os homens seguiam a pé ou a cavalo, se fosse caso de ter algum "a modes". As mulheres e as raparigas tinham o previlégio de tomarem assento nas carroças de besta, mais ligeiras e cómodas, ou então nos "vagarozos", mas mais aconchegados, carros-de-bois preparados e apetrechados para o efeito com suas "sebes de toldo" cobertas por vistosas colchas para protecção do sol.

Ao longo de todo o percurso eram frequentes as paragens para descanso e "beberagem" das "alimárias", aproveitadas para desentorpecimento das pernas das mulheres, dormentes de tanto tempo cruzadas. Cantava-se, bailhava-se e petiscava-se.

Chegados ao arraial os carros eram estacionados lado a lado, de forma organizada. Os bois, depois de "descangados", eram levados a logradouro próximo, farto de água e sombra. As "cangas" e as "aguilhadas", ricamente ornamentadas com metal amarelo, eram colocadas ao alto junto aos carros. As coberturas poeirentas e desbotadas dos "toldos" eram substituídos por "escoimadas" colchas brancas. Os farnéis eram abertos e dispostos no seu interior sobre alva toalha de linho. Toda a gente era convidada a partilhar da abundância.


Tendo perdido a sua função de meio de transporte de outros tempos, os "carros de toldo" continuam a ser peças do cenário dos terreiros e da própria festa mantendo a função de se transformarem em sala de visitas dos seus proprietários.


Ano após ano cresce o número de "carros de toldo" colocados nos terreiros. E são também cada vez maiores os cuidados dispensados na sua preparação.



Uma verdadeira mostra do relicário que são as rendas e bordados feitos pelas mãos das mulheres da Terceira.



segunda-feira, 19 de maio de 2008

AFINAL...

Carro do Pão


Afinal a tradição ainda é o que era. Depois de ter publicado "O MAL MENOR" fiquei agradavelmente surpeendido pelo que vi: a distribuição do "bodo" do Domingo da Trindade do Império de S. Luís estava a ser feita em "carros-de-bois". Embora sem a exuberância de outros tempos os carros apresentavam-se dignos do propósito. Em louvor do Divino Espírito Santo.

Carro do Vinho

domingo, 18 de maio de 2008

E VIVA O SENHOR ESPÍRITO SANTO



Fui nomeado mordomo do Domingo da Trindade do Império de S. Luís.
E Viva o Senhor Espírito Santo!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O MAL MENOR

Longe vai o tempo em que os "carros-de-bois" eram utilizados para a distribuição do pão e do vinho dos "bodos". A passada "pachorrenta" dos bois, a policromia dos arranjos de papel e das bandeiras, o cheiro intenso da "faia da terra" e o chiar caracteristíco produzido pelo atrito do eixo nas "cantadeiras" apenas perduram na recordação dos mais idosos. Para os mais novos, para que tenham uma ideia de como era, ficam as miniaturas. Do mal o menos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

MAIOS


Com reminiscências pagãs cuja origem se perde no tempo, a tradição dos “Maios” entre nós (das “Maias” noutras regiões) ainda revela substantiva vitalidade, como se comprova pela foto que recolhi na freguesia de Vila Nova na ilha Terceira no 1º dia deste mês.

A única forma de perpectuar uma tradição é executá-la sempre com o mesmo espírito e dentro do mesmo contexto. No caso dos "maios" este é um elequente exemplo.