segunda-feira, 24 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAS DO MUNDO - O HARDENGER

O “hardanger” é um instrumento de corda friccionada tradicional da Noruega.
De aspecto muito semelhante ao violino tem, para além das quatro cordas padrão deste, quatro ou cinco cordas denominadas “understrings” ou “cordas simpáticas” que ressoam sob a influência daquelas, proporcionando uma agradável ressonância. Na sua decoração são usados motivos zoomórficos, normalmente um dragão, o leão da Noruega ou, não raras vezes, uma cabeça de mulher como remate do braço. São também utilizadas incrustações de madre pérola sobre a escala e decorações a tinta preta – rosing – no corpo do instrumento.
Vimo-lo recentemente tocado pelo representante norueguês no XXV Festival de Folclore dos Açores o grupo Strilaringen de Nordhordland.

Ao contrário de muitos outros países europeus, a Noruega possui uma tradição continuada de música folclórica, passada de geração para geração não havendo, por isso, qualquer necessidade de um re-despertar para este tipo de música.
A música folclórica norueguesa, tanto vocal como instrumental, é normalmente executada por solistas. A música instrumental é tocada geralmente no violino ou no violino de Hardanger, sendo este último considerado o instrumento nacional da Noruega. Possui uma bela decoração e é construído de forma um pouco diferente da de um violino vulgar. Os peritos discordam quanto ao facto de o violino de Hardanger ter evoluído a partir do violino ou de instrumentos de corda medievais. Entre outros instrumentos tradicionais de música folclórica usados na Noruega contam-se a harpa do judeu (munnharpe), várias flautas, o chifre de carneiro (bukkehorn), o chifre de madeira (lur) e a cítara norueguesa (langeleik). Alguns destes instrumentos têm origens muito antigas. Embora alguma da música folclórica norueguesa seja também muito antiga, uma grande parte do repertório teve origem apenas no século XIX. O repertório instrumental divide-se normalmente pelos mais recentes tipos de música de dança tradicional, influenciada pela Europa central (gammaldans), tais como valsas, reinlenders e polcas, e os tipos mais antigos (bygdedans) como a springar, a gangar e a lyarslått (conhecidas internacionalmente pelos seus nomes noruegueses). O uso de cordas de bordão no violino de Hardanger tradicional, combinado com o recurso a grande número de afinações, confere à música uma rica variedade de harmonias tonais. Esta circunstância serviu de fonte de inspiração para vários compositores noruegueses, incluindo o famoso Edvard Grieg.
Todos os anos se organizam dois concursos nacionais. O Festival Nacional de Música de Dança Folclórica é um concurso de gammeldans, enquanto que o Concurso Nacional de Música Tradicional abarca a mais antiga tradição bygdedans de toque de violino e cantares, dança folclórica e domínio de instrumentos mais antigos de música folclórica. Outros locais relevantes onde o público e os músicos folclóricos se reúnem incluem o Festival de Música Folclórica de Førde, o Festival Internacional de Música Folclórica de Telemark, em Bø, e o Festival Jørn Hilme, em Valdres.

Fonte: Centro de Informação Musical da Noruega / The Norwegian Traditional Music and Dance Association


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - O BAGPIPE

Este aerofone é característico do sudoeste da Boémia na República Checa. Juntamente com o clarinete e o violino é habitualmente usado para tocar a música Chodsko tradicional da região de Domažlice.
O fole, que fica sob e é accionado pelo braço esquerdo do executante, fornece ar ao saco que, sob pressão do braço direito, alimenta, num fluxo contínuo, os tubos de palhetas. O “drone pipe” produz um som constante e passa sobre o ombro direito do músico, para trás, virando em ângulo recto para baixo. O tubo com orifícios onde a melodia é tocada fica à frente do flautista e termina, tal como o “drone pipe”, com um corno ornamentado com latão ou prata.
Típico dos “bagpipes” é o elemento decorativo zoomórfico, quase sempre representando uma cabeça de bode.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

XXV FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE DOS AÇORES - REPRESENTAÇÕES

O público que lotou os lugares disponíveis na Monumental de Angra do Heroísmo na noite de sábado, dia 15 de Agosto, na Gala de Encerramento do XXV Festival Internacionl de Folclore dos Açores, foi um digno representante do povo da Terceira.



Açores
Grupo Folclórico da Casa do Povo de Santo Espírito - Santa Maria

Noruega


Turquia


Grécia


Portugal
Rancho Folclórico da Freguesia da Lapa


Eslováquia


França

Roménia


Portugal
Grupo Etnográfico Rusga de Joane


Paraguai


Filipinas


Espanha

domingo, 16 de agosto de 2009

XXV FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE DOS AÇORES - ENCERRAMENTO

Excelente!

É o único adjectivo que me ocorre para definir o espectáculo de encerramento do “XXV Festival Internacional de Folclore dos Açores”, organizado pelo COFIT que, na noite do último sábado ocorreu na Monumental de Angra do Heroísmo.
Se à partida, e tal como já anteriormente tínhamos afirmado, os oito Grupos estrangeiros e os três nacionais que iriam participar nos davam garantias de qualidade, as expectativas não saíram defraudadas. Diria mesmo que foram ultrapassadas.
Cumprindo o horário, aliás como tem sido apanágio desta organização, o espectáculo começou com uma de duas novidades, catalogadas de “surpresas”: a execução de dois temas populares da ilha Terceira – lira e os olhos pretos – por uma orquestra composta por músicos de todos os Grupos participantes. Os arranjos, a coordenação e direcção de orquestra estiveram a cargo de José João Silva. O resultado foi surpreendente e fez eclodir a primeira grande ovação da noite.
Seguiram-se as exibições de todos os grupos participantes que, sem excepção, receberam do público – cerca de cinco mil espectadores – calorosos e justos aplausos.
Para encerrar com chave de ouro a segunda “surpresa” da noite: uma dança, a que chamaram da “alegria”, com pares de dançarinos de todos os Grupos participantes. Foi um momento empolgante e emocionante que tocou fundo a todos os que tiveram o privilégio de assistir.
Parabéns ao COFIT, ao seu presidente Dr. Cesário Pereira e a toda a equipa que coordena pelo excelente trabalho que têm vindo a desenvolver na organização do Festival Internacional de Folclore dos Açores que, salvo pequenos detalhes de pormenor, é o melhor Festival de Folclore de Portugal.


sábado, 15 de agosto de 2009

XXV FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE DOS AÇORES

Ele aí está!
Cheio de vida, cor, alegria e juventude: O XXV FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE DOS AÇORES. O melhor festival de sempre, na opinião dos dirigentes do COFIT, entidade que o organiza.
Tendo em conta os grupos estrangeiros que nele participam, e que ontem desfilaram pela rua da Sé, novamente ornada com uma moldura humana notável, as expectativas são elevadas para o espectáculo de encerramento que hoje terá lugar na monumental de Angra do Heroísmo. E se o festival fosse apenas o encerramento poderia, desde já e em antecipação, estar de acordo com a organização na classificação que dele fazem. Mas o Festival não é só o seu encerramento (e ainda bem).
De todas as outras iniciativas que enriquecem este Festival quero destacar a Feira de Artesanato e Sabores Tradicionais que em boa hora e desde há alguns anos a esta parte se tem realizado. Uma aposta ganha desde o seu início pela envolvência e pela animação que traz ao coração da cidade durante uma semana. É aqui que os Grupos locais têm a possibilidade de se exibirem e de mostrarem aos de casa, mas sobretudo aos de fora, o resultado do trabalho que efectuam ao longo do ano e, no seu conjunto, darem uma imagem da qualidade, ou falta dela, do "folclore" que por aqui se faz. E é aqui que entro em desacordo com a avaliação previamente anunciada e bastante protelada feita pela organização do Festival.
Se esta Feira é parte integrante do Festival e se existem parâmetros de qualidade objectivos que permitem à organização classificar os grupos que vêem de fora de bom ou de mau, então esses mesmos critérios deviam ser utilizados para os Grupos locais.
É lamentável a qualidade que alguns dos nossos Grupos exibem. A imagem que dão é tão má que envergonham todos aqueles que, nos seus Grupos, trabalham para se apresentarem de forma a dignificar aquilo que se dizem representar.
Este modelo de “tudo ao molhe e fé em Deus” tem de ser revisto, custe o que custar.
O COFIT e o Festival Internacional de Folclore dos Açores não podem sair prejudicados na sua avaliação pela actuação menos digna dos nossos Grupos.
Mas também, e por isso, cabe-lhe a ingrata missão de os seleccionar.
Para bem de todos mas com evidentes benefícios para os grupos e, obviamente, para o Maior Festival de Folclore dos Açores.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - A LUTONG


A "lutong" é uma cítara de tubo característica dos povos Kenyah e Kayan de Sarawak, na ilha de Bornéu, Malásia. É um instrumento utilizado pelas mulheres, com uma sonoridade muito suave, que é normalmente utilizado para acompanhar o canto e, ocasionalmente, alguma dança.
É feito a partir de um tubo de bambu com quatro cordas que se estendem no comprimento deste. Puxadas a partir da casca, esticadas por pequenos paus, são mantidas no lugar por uma trança de vime colocada em cada extremidade.
Crê-se que o homem que tocar este instrumento será, mais cedo ou mais tarde, atacado por um tigre.

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - O ER HU

O “er hu” é um “violino” de duas cordas muito popular na China. O seu nome provém das palavras "dois" e "bárbaros", e terá chegado há mais de um milhar de anos, provavelmente durante a Dinastia Tang entre os séculos VII e X, trazido por povos tribais do norte.
A sua utilização foi, durante séculos, indispensável no acompanhamento das óperas tradicionais.
Do “er hu” conseguem-se extrair sons maviosos, doces e brilhantes desde que o executante seja detentor de um alto grau de virtuosismo.
O moderno “er hu” tem duas cordas metálicas que estão muito próximas um da outra.
A caixa de ressonância é tubular, coberta com pele de cobra por um dos lados. O braço é de madeira de alta densidade com cerca de 80 centímetros. O arco é de bambu e crina de cavalo.
O instrumentista toca o “er hu” sentado, apoiando a caixa de ressonância sobre a perna esquerda, enquanto a mão esquerda segura o instrumento e a mão direita controla o arco.
De timbre suave e claro, o “er hu” pode alcançar 3 oitavas.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - A KEMENCHE

A “kemenche” insere-se num grupo de instrumentos de corda friccionada com arco que tanto se pode encontrar na Ásia como na Europa de Leste e Norte de África e não é mais do que uma adaptação de violinos gregos e turcos. Possui três cordas de tripa cuja afinação mais comum é em Ré'/D' - Sol'/G' - Ré/D.
Na sua construção, normalmente, as costas são escavadas de uma só peça de madeira de cedro ou cipreste sendo o tampo de abeto.

O termo “kemenche” (Turco: Kemence, Armênio: K'amântcha - Քյամանչա, Laz: Ç'ilili - ჭილილი, Persa: کمانچه, Grego: κεμεντζές) é usado para descrever dois tipos de instrumentos musicais de três cordas:
1- um alaúde em forma de garrafa muito próximo da Kemane da Capadócia, que se encontra na região do Mar Negro da Ásia Menor, e também conhecida como a "kementche do Laz" ou "Pontic kemenche";
e
2 - um alaúde em forma de pêra , muito semelhante à “lyra” bizantina, encontrado principalmente em Istambul e regiões do Leste da Turquia, conhecida como “kemenche” clássica.
Ambos os tipos de “kemenche” são tocados na posição vertical: apoiada sobre o joelho, quando o executante está sentado, ou à sua frente quando em pé mas sempre com o “braccio” para cima. O arco do “kemenche” é chamado de “doksar” (grego: δοξάρι), termo que em grego significa “proa”.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - O GUSLE

O "gusle" é o instrumento musical nacional da Sérvia e é uma espécie de rebeca com uma só corda.
Era o instrumento preferido para acompanhar os longos "poemas épicos" que, cantados, são parte integrante da música tradicional balcânica.
Os "cantadores de histórias" conhecidos por "guslari" eram também os "cantadores de notícias" que, pelas ruas, divulgavam os acontecimentos mais recentes e, assim, mantinham informada a população.
O “gusle” ou “gusla” (Croata: gusle, Sérvio: гусле, Montenegrino: gusle/гусле, Albanês: lahuta, Romeno: lauta, Búlgaro: o гусла) é também usado noutros países dos Balcãs e na região dos Alpes Dináricos.
O termo "gusle/gusli/husli/husla" é comum a todos os povos Eslavos e genericamente aplica-se a um instrumento musical com cordas. O “gusle” não deve ser confundido com o “gusli” Russo, que pertence ao grupo dos “saltérios”; nem com o termo checo “housle” aplicado para o violino.
O “gusle” tem muitas similaridades com a lira que foi largamente usada em todo o império Bizantino e pode ainda ser ouvido, em muitas regiões que dele faziam parte, quase exactamente da mesma forma.

domingo, 9 de agosto de 2009

UMA GAITADA PELO SOLNADO

A minha homenagem ao homem que ensinou o país a rir.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - O CHARANGO

Quando os conquistadores espanhóis chegaram à América do Sul faziam-se acompanhar pela “vihuela”, instrumento de cordas com formato parecido à guitarra e que atingia, ao tempo, o seu máximo esplendor na península Ibérica.
Desde logo o povo nativo apaixonou-se pelos sons do novo instrumento do qual pretenderam produzir réplicas. No entanto faltava-lhes a tecnologia para moldarem a madeira.
Como a necessidade aguça o engenho facilmente resolveram o problema com recurso à matéria-prima à sua disposição: conchas de tatu.
Assim nasceu, por volta de 1547 em Potosí na Bolívia, o “charango”, uma espécie de um pequeno alaúde com dez cordas, que depressa se estendeu a outras regiões e países da Cordilheira dos Andes: Perú, Argentina, Chile, e Ecuador.
Diz o povo que o tatu tem que estudar cinco anos num conservatório para se tornar num bom “charango” e, no mesmo tom de graça, que é a única criatura que faz música após a morte.
Muito embora a parte de trás do instrumento seja tradicionalmente formada a partir de um tatu hoje, muitos dos melhores “charangos” são construídos com recurso à madeira.
O tamanho é o que na verdade define o instrumento: de maneira geral, 66 cm, com uma escala de aproximadamente 37 cm. A construção típica é de uma única peça no corpo e braço, cravelhal e cravelhas de guitarra clássica, tampo de abeto e uma certa ornamentação. Tamanho e formato da boca da caixa são altamente variáveis e podem ser de duplas crescentes, buraco redondo, oval ou mesmo múltiplos buracos de arranjo variado.
O “charango” tem cinco pares de cordas que afinam em GCEAE. Nesta afinação todas as dez cordas são afinadas dentro de uma oitava. Os cinco pares ficam elevados da seguinte forma (do quinto par ao primeiro): gg cc eE aa ee.

sábado, 1 de agosto de 2009

INSTRUMENTOS MUSICAIS DO MUNDO - A NYCKELHARPA


De entre os vários aspectos que me suscitam curiosidade nas culturas populares tradicionais, a música e os instrumentos que a produzem estão no topo do meu interesse. Através dos instrumentos musicais e do seu conhecimento resultam importantes pistas que nos permitem perceber melhor outras vertentes menos objectivas dessas culturas.

Se recuarmos até à baixa idade média – séc. VIII /IX – iremos encontrar sinais da existência de um instrumento musical com características muito peculiares que, pelo seu aspecto, nos faz lembrar uma sanfona tocada com arco ou um violino com teclas não sendo, no entanto, nem um nem outro: é a “nyckelharpa
O testemunho mais antigo que se conhece deste instrumento é datado de 1350 e pode ser observado nos relevos que ornam uma das portas da igreja de Källunge na maior ilha sueca, e também condado, de Gotland, berço dos Godos nossos conhecidos.
A sua difusão e popularidade acontecem, por toda a Europa, a partir do sec. XVI e dele dão conta documentos que vão desde a Alemanha até à Itália.
Conhecem-se hoje, pelo menos, 4 variantes de “nyckelharpas” mas a mais vulgar é armada com 16 cordas que se friccionam com um arco manipulado pela mão direita enquanto as 37 teclas se accionam com a mão esquerda.
Este instrumento é hoje, tal como no passado, exclusivamente construído de forma artesanal, daí, provavelmente, a sua raridade. É feito, normalmente, com a madeira disponível no norte da Europa – o pinho - e é considerado o instrumento tradicional por excelência da Suécia.