sábado, 28 de fevereiro de 2009

MARÇO E SEUS SANTOS PROTECTORES

De uma lista coligida por Thomás Pires e publicada na revista Lusitana - Vol. IV em 1896.


Dia 8 – S. João de Deus – advogado contra a lagarta;

10 – S. Job – advogado contra a lepra;

12 – S. Gregório – advogado contra as dores de estômago e de garganta;

19 – S. José – protector da Igreja e advogado para alcançar de Deus boa morte; patrono dos carpinteiros e dos pedreiros;

21 – S. Bento – advogado contra as mordeduras de insectos venenosos.


MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA

Uma gripe reincidente deixou-me de rastos e em casa nestes dias de Entrudo. Com o bichinho a morder lá fui acompanhando, através dos meios disponíveis – rádio e internet -, o que se passava ao redor da ilha. Vi e ouvi algumas danças, comédias e “bailhinhos”. Mais importante do que qualquer avaliação pessoal que se possa fazer sobre cada um dos trabalhos apresentados, o que é verdadeiramente relevante é a vitalidade que esta manifestação cultural de cariz popular revela.
Autores, músicos, actores, dançarinos, costureiras e ensaiadores (e os demais que mesmo sem título são imprescindíveis ao sucesso do projecto – pra cima de 2500 pessoas), despidos dos seus rótulos sociais deram, mais uma vez, uma eloquente lição de amor e de respeito a esta vertente do seu património cultural. O prazer individual de participar nestas manifestações só se completa quando repartido com todos aqueles que os aguardam nos salões e que, durante quatro longas noites, esperam ouvir aquilo que lhes apetece dizer mas não podem, rir sobre as suas próprias desgraças ou chorar sobre as suas amarguras.
É assim o Entrudo da Terceira: feito e partilhado com paixão.

Uma nota preocupante:

Em 26 de Fevereiro do ano passado editei um “post” com o título “Andam a Tramar a Tradição”. Aí apontava alguns sinais que, quanto a mim, eram indiciadores de que alguns perigos poderiam estar a minar, ainda que de forma indelével, esta manifestação cultural.
A ter em conta as declarações que ouvi, proferidas por responsáveis ou apenas participantes das “danças e bailinhos”, nas várias entrevistas que as rádios lhes fizeram e transmitiram este ano, os meus receios são já partilhados por outros. ´
É caso para dizer "Mais vale tarde do que nunca"

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

ASSIM COMEÇA UMA TRADIÇÃO



Foi no ano de 1999 que um grupo de idosos do “Centro de Dia da Casa do Povo do Porto Judeu”, juntamente com as suas animadoras e voluntárias, resolveram organizar um “bailhinho de carnaval”. Pretendiam, para além do seu próprio prazer, levar a outros “Centros de Dia” de outras freguesias um cheirinho e a alegria próprias da época carnavalesca.
O que parecia ser um evento efémero e pontual é já hoje, passados que são dez anos, uma tradição que está de pedra e cal. Seguindo o exemplo dos idosos do Porto Judeu, muitos outros “Centros de Dia” começaram a organizar os seus próprios “bailhinhos” com os quais percorrem, nos quatro fins-de-semana que antecedem o carnaval, todas as freguesia da Ilha Terceira. E já não se exibem apenas nos reduzidos espaços dos “centros”.

É-lhes “exigido” agora a apresentação nos palcos dos salões das Sociedades Recreativas que se enchem de espectadores de todas as idades, numa antecipação ao clímax carnavalesco que se aproxima.

Assim começa uma tradição!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

LENÇOS DE AMOR

Os lenços de “AMOR”, também conhecidos por “lenços de namorados”, foram de uso corrente, entre nós, até meados do século passado. A sua origem provável remonta aos séculos XVII e XVIII quando as mulheres do povo adoptaram, como adereço dos seus trajes, o uso dos lenços senhoris. Esta moda generalizou-se a todo o país e manteve expressão até aos nossos dias, com maior relevo no Minho, no Algarve e nos Açores.

Os “lenços de namorados” testemunhavam um compromisso de noivado. O seu uso por parte do homem significava aceitar a relação com a moça que o bordou. Eram uma declaração pública de amor que as “moças em idade casadoira” ofereciam como uma prenda ao seu escolhido. Este, por sua vez, para assumir o compromisso, usava-o por cima do casaco domingueiro, no bolso, ou ao pescoço.

Os símbolos mais comuns que encontramos nos “lenços” estão directa ou indirectamente ligados ao seu tema chave: o amor. Corações, motivos florais, chaves, pássaros e ramos. Encontramos também silvas que são adornos bordados em forma de cercadura que imitam motivos florais e são também utilizadas para as orlas dos lenços.

UMA FLOR PARA O AMOR

Mais um dia que a “cultura” global nos impõe.

Mais uma celebração que deveria ser de todos… os dias.

A minha flor vai para todos os que amam!