Os "carros de toldo" são um ex-libris dos bodos na ilha Terceira. Hoje com maior visibilidade nas freguesias do "ramo grande"mas noutros tempos comuns a toda a Ilha.
Até meados do séc. passado ir a uma "festa" era uma verdadeira festa. As famílias reuniam-se em grupo com os parentes mais chegados ou com os amigos e "botavam-se" ao caminho quase sempre ainda antes do sol nado. Chegar cedo era sinal de se "arranjar" os melhores lugares.
Os homens seguiam a pé ou a cavalo, se fosse caso de ter algum "a modes". As mulheres e as raparigas tinham o previlégio de tomarem assento nas carroças de besta, mais ligeiras e cómodas, ou então nos "vagarozos", mas mais aconchegados, carros-de-bois preparados e apetrechados para o efeito com suas "sebes de toldo" cobertas por vistosas colchas para protecção do sol.
Ao longo de todo o percurso eram frequentes as paragens para descanso e "beberagem" das "alimárias", aproveitadas para desentorpecimento das pernas das mulheres, dormentes de tanto tempo cruzadas. Cantava-se, bailhava-se e petiscava-se.
Chegados ao arraial os carros eram estacionados lado a lado, de forma organizada. Os bois, depois de "descangados", eram levados a logradouro próximo, farto de água e sombra. As "cangas" e as "aguilhadas", ricamente ornamentadas com metal amarelo, eram colocadas ao alto junto aos carros. As coberturas poeirentas e desbotadas dos "toldos" eram substituídos por "escoimadas" colchas brancas. Os farnéis eram abertos e dispostos no seu interior sobre alva toalha de linho. Toda a gente era convidada a partilhar da abundância.
Ano após ano cresce o número de "carros de toldo" colocados nos terreiros. E são também cada vez maiores os cuidados dispensados na sua preparação.
Uma verdadeira mostra do relicário que são as rendas e bordados feitos pelas mãos das mulheres da Terceira.
1 comentário:
que preciosidades!
em especial o postal com o selo! o toldo parece feito de retalhos de um tecido estampado! está um mimo. as festas são desde sempre pretexto para impressionar!
obrigada pelo post
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