terça-feira, 3 de junho de 2008

DO PÉ DESCALÇO À ALPERCATA

No final do paleolítico, como nos comprovam pinturas dessa ápoca descobertas em grutas do sul da Europa e da Peninsúla Ibérica, já o homem utilizava uma protecção para os pés que podemos considerar, sem relutância, como uma peça de calçado. Os materiais disponíveis então variavam entre cascas de árvore, folhas e fibras vegetais ou pedaços de couro que eram atados com tiras da mesma natureza.

Do outro lado do atlântico surgem-nos informações arqueológicas idênticas.


Sandália pré-histórica da América do Norte feita em esparto



Sandália de esparto, IX milénio a.C.

Em muitos achados arqueológicos foram identificados alguns utensílios que serviriam para raspar as peles o que indicia que a sua curtimenta terá sido uma das primeiras industrias do homem. Esta teoria é confirmada pela abundância de referências que se encontram nas pinturas descobertas em construções fúnebres - hipogeus - onde estão representados vários passos no preparo do couro e do calçado.

O que inicialmente era apenas um objecto utilitário de protecção dos pés evoluiu a par do desenvolvimento da humanidade. No Egipto e na antiga Roma o calçado era já indicativo da classe social.


Solea romana


Apesar da diversidade geográfica os modelos deste rudimento de sapato são muito semelhantes. A utilização do couro, mais resistente, generaliza-se e vem substituir os outros materiais.


Sandália de couro judia de 72 d.C.

Alpercata terceirense

No meio do Atlântico, na Ilha Terceira, tal como nas restantes que formam o arquipélago dos Açores, esta forma de calçado perdurou até aos nossos dias. E tal como aconteceu em toda a sua evolução, manteve-se praticamente inalterável na forma, apenas sofrendo alterações nas materias utilizados. As últimas que vimos eram feitas com borracha de pneus velhos.

Sem comentários: