sábado, 28 de fevereiro de 2009

MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA

Uma gripe reincidente deixou-me de rastos e em casa nestes dias de Entrudo. Com o bichinho a morder lá fui acompanhando, através dos meios disponíveis – rádio e internet -, o que se passava ao redor da ilha. Vi e ouvi algumas danças, comédias e “bailhinhos”. Mais importante do que qualquer avaliação pessoal que se possa fazer sobre cada um dos trabalhos apresentados, o que é verdadeiramente relevante é a vitalidade que esta manifestação cultural de cariz popular revela.
Autores, músicos, actores, dançarinos, costureiras e ensaiadores (e os demais que mesmo sem título são imprescindíveis ao sucesso do projecto – pra cima de 2500 pessoas), despidos dos seus rótulos sociais deram, mais uma vez, uma eloquente lição de amor e de respeito a esta vertente do seu património cultural. O prazer individual de participar nestas manifestações só se completa quando repartido com todos aqueles que os aguardam nos salões e que, durante quatro longas noites, esperam ouvir aquilo que lhes apetece dizer mas não podem, rir sobre as suas próprias desgraças ou chorar sobre as suas amarguras.
É assim o Entrudo da Terceira: feito e partilhado com paixão.

Uma nota preocupante:

Em 26 de Fevereiro do ano passado editei um “post” com o título “Andam a Tramar a Tradição”. Aí apontava alguns sinais que, quanto a mim, eram indiciadores de que alguns perigos poderiam estar a minar, ainda que de forma indelével, esta manifestação cultural.
A ter em conta as declarações que ouvi, proferidas por responsáveis ou apenas participantes das “danças e bailinhos”, nas várias entrevistas que as rádios lhes fizeram e transmitiram este ano, os meus receios são já partilhados por outros. ´
É caso para dizer "Mais vale tarde do que nunca"

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