quarta-feira, 20 de maio de 2009

OS TERÇOS


Nestas semanas que antecedem os “Bodos” temos andado por aí a “cantar o terço” ao Divino Espírito Santo. Esquecida durante muito tempo, esta tradição foi reavivada e reintroduzida no cerimonial das Festas ao Divino, aqui na ilha Terceira, pelo Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense.
Esta tradição, a que já nos referimos em outro texto publicado a 11de Março de 2008, terá como provável responsável da sua introdução nos Açores o Padre António Vieira.
“Cantar o terço”não é uma tradição exclusiva dos Açores e, muito menos, da devoção ao “Divino”.
Na “Memória Histórica da Villa de Barcelos”, de Domingos José Pereira, Viana 1867, p.36, lê-se:
“Antigamente, e ainda há trinta anos, os vizinhos da Porta-Nova, e principalmente os mercadores por ali estabelecidos, todas as noites cantavam devotamente o terço, em culto público àquela imagem de Nossa Senhora da Abadia”.
Leite de Vasconcelos, nas suas inúmeras viagens pelo país, ouviu em Mondim, na Beira Alta, “cantar o terço” e dele faz a seguinte descrição:
“Para cantarem o terço, formam-se de noite, em certos sítios centrais, vários magotes de mulheres, nos quais às vezes também entram homens; um magote canta em coro o Padre-Nosso até ao meio, e o outro magote canta em resposta o resto; depois fazem o mesmo para a Ave-Maria: e assim se tem o terço inteiro. Isto dura toda a Quaresma”.
O “terço”, qualquer que seja a circunstância em que é rezado ou cantado, é um conjunto de cinco “mistérios” sendo que cada um consta de um “Padre-Nosso” e dez “Ave- Marias”. A forma de o cantar varia consoante a localidade, a motivação e a Ilha.
Seria um trabalho interessante proceder-se à recolha de todas as variantes conhecidas.
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