As feiticeiras, crê o povo, celebram as suas reuniões nocturnas em numerosos sítios de S. Miguel e pretende que esses sítios se reconhecem ao longe pelas muitas luzinhas que lá brilham na escuridão da noite, assim como pelas risadas estridentes das feiticeiras. Atribui-lhe todo o género de prodígios, inclusivamente a faculdade de ir á China e voltar em um barco de pesca entre a meia-noite e a madrugada do dia seguinte.
Em questões de amor, por exemplo, as suas façanhas são frequentes. Eis uma delas contada por uma rapariga dos Mosteiros que declarou conhecer muito bem as pessoas que intervieram no seguinte drama, do qual a feiticeira saiu “codilhada”.
A filha de certa mulher, muito sabida em artes de feitiçaria, namorava um rapaz do sítio, que se demorava em pedi-la em casamento. A mãe para obrigá-lo a declarar-se, procedeu do seguinte modo: fez um bolo de massa sovada acabando de amassa-lo sobre o peito desnudado da filha. Uma vez cozido, a rapariga ofereceu ao seu conversado uma fatia do bolo, mas este, em vez de a comer, guardou-a no bolso porque andava desconfiado da malícia da feiticeira; ao chegar a casa deu-a a comer ao seu burro. O animal logo se mostrou agitadíssimo, rebentou o cabresto e fugiu á desfilada em direcção da casa da rapariga, começando a zurrar desesperadamente diante da sua janela, com tal violência que alvoroçou a vizinhança. O desgraçado animal estava doidamente apaixonado.
O rapaz, feliz de ter escapado á manobra desleal da feiticeira, exclamava para a mãe e para a filha: «Era assim que vocês me queriam ver!
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