quarta-feira, 17 de março de 2010

... MAS QUE AS HÁ, HÁ!

As feiticeiras, crê o povo, celebram as suas reuniões nocturnas em numerosos sí­tios de S. Miguel e pretende que esses sítios se reconhe­cem ao longe pelas mui­tas luzinhas que lá brilham na escuridão da noite, assim como pelas risadas estri­dentes das feiticeiras. Atribui-lhe todo o género de prodígios, inclusivamente a faculdade de ir á China e voltar em um barco de pes­ca entre a meia-noite e a madrugada do dia seguinte.
Em questões de amor, por exemplo, as suas façanhas são frequentes. Eis uma delas contada por uma ra­pariga dos Mosteiros que declarou conhecer muito bem as pessoas que inter­vieram no seguinte drama, do qual a feiticeira saiu “codilhada”.
A filha de certa mulher, muito sabida em artes de feitiçaria, namorava um ra­paz do sítio, que se demo­rava em pedi-la em casa­mento. A mãe para obrigá-lo a declarar-se, procedeu do seguinte modo: fez um bolo de massa sovada acabando de amassa-lo sobre o peito desnudado da filha. Uma vez cozido, a rapariga ofereceu ao seu conversado uma fatia do bolo, mas este, em vez de a comer, guar­dou-a no bolso porque an­dava desconfiado da malí­cia da feiticeira; ao chegar a casa deu-a a comer ao seu burro. O animal logo se mostrou agitadíssimo, re­bentou o cabresto e fugiu á desfilada em direcção da casa da rapariga, começan­do a zurrar desesperadamente diante da sua janela, com tal violência que alvoro­çou a vizinhança. O desgra­çado animal estava doida­mente apaixonado.
O rapaz, feliz de ter esca­pado á manobra desleal da feiticeira, exclamava para a mãe e para a filha: «Era assim que vocês me que­riam ver!
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