segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Conceitos 1


Na revista INSULA de Abril de 1932, o Dr. AGNELO CASIMIRO, distinto advogado e jornalista, nascido no continente mas, por motivos afectivos e laços familiares AÇOREANO confesso, e a pretexto da apresentação do livro de Gervásio Lima “POETAS E CANTADORES” levado à estampa no ano anterior pela EDITORA ANDRADE, dizia: “O folklore é, com efeito, um aspecto da vida intelectual dos povos, que tem merecido o interesse dos mais esclarecidos espíritos da humanidade, desde que MACPHERSON, os IRMÃOS GRIMM, HERDER e outros souberam encontrar nas manifestações da alma popular o mais precioso elemento para definir o “estro” específico de uma raça e as afinidades étnicas que as aproximam.”
Em Portugal, continua mais à frente o Dr. AGNELO CASIMIRO, foi GARRETT quem na luta formidanda do “romantismo” contra o “classicismo” soube fazer vingar e triunfar uma nova renascença da poesia nacional e popular, partindo do princípio de que “nenhuma cousa pode ser nacional se não é popular”. É ainda GARRETT que afirma com notável segurança e fé que quem não tem olhado senão à superfície da nossa literatura, quem cego do brilho clássico das nossas tantas epopeias, seduzido pela flauta mágica dos nossos bucólicos, entusiasmado pelo estro tão rico e variado dos inumeráveis poetas que, nos quartetos e tercetos sicilianos da elegia, da epístola e do soneto, rivalizam, e tantas vezes com vantagem com o próprio PETRARCHA... não crê, não suspeita, há-de ficar maravilhado de ouvir dizer, como eu quero dizer e provar no presente trabalho (O ROMANCEIRO) que ao pé, por baixo dessa aristocracia de poetas, que nem a viam talvez, andava, cantava, e nem com o desprezo morria, outra literatura que era a verdadeira nacional, a popular..."



Sem comentários: