quinta-feira, 23 de agosto de 2007

CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE


· A IDENTIDADE DE UM "POVO" ILHÉU

1. A origem dos povoadores
2. O isolamento
3. O mar
4. O clima
5. O potencial natural
6. Influências externas

· A IDENTIDADE DO "POVO" AÇORIANO

1. Origem dos povoadores
a- portugueses
do norte
do centro
do sul
b- da Europa
do norte
central

2. O isolamento
a- entre as ilhas
b- com o exterior

3. O mar
como fonte de subsistência e como fronteira
4. O clima
temperado, marítimo, alta % de humidade, temperaturas amenas
5. Potencial natural
origem vulcânica das ilhas, terrenos férteis; grande abundância de água
6. Influências
de Portugal continental por via do povoamento e da soberania;
de África, do Oriente, das Américas, por via dos descobrimentos e comércio;
de Espanha (Castela) por via da ocupação;
da Europa do Norte por via de transacções comerciais;

· A IDENTIDADE DO "POVO" TERCEIRENSE

1. Os primeiros povoadores vieram maioritariamente do centro e sul de Portugal continental

2. O isolamento inicial foi gradualmente substituído pela importância da “angra” de Angra do Heroísmo no abrigo, reparação e aguada das naus do reino na torna viagem e, mais tarde, pelo incremento comercial com o Norte da Europa – comércio de pastel, laranja, vinho. A localização geográfica da ilha numa posição central do arquipélago aufere-lhe o estatuto de “capital”cosmopolita: Angra é a primeira cidade dos Açores, é constituída como sede do Bispado e é, por duas vezes, capital do Reino.

3. Foi pelo mar que chegaram e é pelo mar que vêem partir. O mar dá-lhes sustento e tira-lhes os homens. Pelo mar chega quem lhes traz e quem lhes tira. O mar que os separa é o mesmo que os une.

4. Um clima temperado, marítimo, com elevada % de humidade e com temperaturas amenas quase todo o ano são ingredientes propícios para a generalização dos nevoeiros e das neblinas. A associação de todos estes elementos provoca o que alguém chamou de “azorean torpor”.

5. As cinzas vulcânicas, a abundância de água – como sabemos a pluviosidade nos Açores é elevada – e todas as demais condições edafo-climáticas conjugadas tornam os terrenos extremamente férteis. A terra dá tudo o que o homem precisa para sobreviver: o pão para a boca, a madeira para o lume, o alimento para o gado, o vinho para o bodo, o fio para o tear, o barro para a faiança.

6. A aculturação é um fenómeno invisível que é comum a todos os povos: há sempre a tendência de experimentar o que, sendo de outros, é novo para nós. Foi e é assim: são as modas. O que se adapta à comum vivência é indelével e naturalmente assimilado e perpetuado: passa a ser nosso sem sabermos quando e onde começou. O resultado é, de uma forma metafórica, um “imenso rio que, tendo origem numa pequena nascente vai engrossando o seu caudal à custa dos seus afluentes”.

Para a caracterização da cultura do "povo" Terceirense há que ter em conta, desde logo: a diversidade da origem dos povoadores, a sua particular adaptação às condições físicas que se lhes depararam e a forma como a elas reagiram; as relações estabelecidas com o exterior (com quem e por quanto tempo) e por último, mas não menos importante o seu poder criativo. Sempre num processo evolutivo: em que cada dia, sendo diferente do anterior, prepara o dia seguinte. Foi e é ainda hoje assim: a cultura, qualquer que seja, não é estática nem imutável: é algo que acontece e se transforma a cada momento.
Esta caminhada que se iniciou no dia em que, pela primeira vez, o homem pisou esta terra só terá fim quando dela sair o último.

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