segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CANDEIAS

Nossa Senhora da Luz, da Candelária, das Candeias, das Estrelas ou da Purificação são títulos pelos quais o mundo católico evoca a purificação de Nossa Senhora, cuja celebração ocorre a 2 de Fevereiro, encerrando-se assim o ciclo do Natal.


Segundo a lei judaica, as mulheres, após darem à luz, ficavam impuras, pelo que estavam proibidas de visitar ao Templo até quarenta dias após o parto. Findo este período deviam apresentar-se diante do sumo-sacerdote a quem entregariam o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas) e assim purificarem-se. Desta forma, José e Maria, levando consigo o Menino, apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever e este, reconhecendo tratar-se do “Messias”, o filho de Deus feito homem, ter-lhes-ia dito: «Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo» (Lucas, 2, 29-33).

Com base na evocação deste acontecimento nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a luz que irá aclarar os gentios, nasce o culto em torno de Nossa Senhora da Luz/das Candeias/da Candelária/das Estrelas, cujas festas eram geralmente celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o facto.


Segundo o Licenciado Gaspar Pirez de Rabello, em “Thesouro de pensamentos concionativos” – parte primeira – pag. 83 – Lisboa, 1635,

“Hua procissão se faz em dia da purificação da Virgem nossa Senhora, a qual se chama das candêas, porque em esse dia se benzem, & levam em a procissão. Sancto Agostinho, o venerável Beda, Innocencio terceiro, & outros, dizem, que a causa porque a Igreja ordenou a festa da purificação com candêas accezas, foy pera desterrar o antigo ritu dos Gentios, os quais festejavam com muitas luminarias ao Deos Februo a quem tinham dedicado o mês de Fevereiro, & quis a Igreja que o que se fazia a um Deos falso, se fizesse, com toda a rezão, ao Deos verdadeiro”.

Outra informação faz-nos recuar ao Império Romano onde encontramos uma tradição que se repetia anualmente a 2 de Fevereiro e que consistia na realização de uma procissão de luzes.
Nesse dia recordava-se o sofrimento da Deusa Ceres, mãe das colheitas, quando Proserpina, filha de Ceres e Júpiter (Zeus) foi levada para o Inferno por Plutão (Hades) para companheira dele. Ceres, furiosa, impediu que as colheitas crescessem nesse ano. Zeus conseguiu negociar com Hades a sua libertação. O regresso de Proserpina ao mundo dos Deuses marcou a chegada da Primavera e o calendário Romano passou, desde então, a ter quatro estações.

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