“Parece que vai livrar o pai da forca” diz-se de alguém que se apresenta muito açodado, que vai muito apressado.
A origem deste ditado terá certamente relacionado com um milagre de Santo António.
Estando o taumaturgo a pregar um sermão em Pádua, soube, por inspiração do Espírito Santo, que seu pai acabava de ser, injustamente, condenado à morte acusado de ter assassinado um homem. Durante algumas horas o Santo ficou imóvel no púlpito, inclinado sobre a balaustrada. Ao mesmo tempo, e quando seu pai era encaminhado para o cadafalso, o pregador milagreiro apareceu em Lisboa. Fazendo com que a vítima se erguesse da sepultura, esta proclamou aos juízes e algozes a inocência do acusado que, assim, foi restituído à liberdade.
J. S. F. de Lacerda Carvalho, num artigo publicado na “Enciclopédia das Famílias” intitulado “ Das tradições populares de Santo António nos Açores”, inclui as seguintes quadras que mencionam o milagre:
Santo António que livraste
Da forca o vosso pai:
De quem perdeu a vergonha
N’este mundo nos livrai.
Santo António é bom filho
Que livrou seu pai da morte;
Bem pudera Santo António
Livrar-me de uma má sorte.
Santo António é bom filho
Que livrou seu pai da morte;
Ó, que ditoso pai
Ter um filho de tal sorte.
Também o “Romanceiro do Arquipélago da Madeira” inclui, pela pena do Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo, uma lenda relacionada com este milagre.
Daí a comparação popular: “ É como Santo António: está em toda a parte.”
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