sábado, 14 de março de 2009

PELO SIM, PELO NÃO...

“PELO SIM, PELO NÃO, LEVA O CHAPELÃO” ou “PELO SIM, PELO NÃO, LEVA O TEU GABÃO”

Diz-se para prevenir alguém que se acautele, para não ser iludido na sua boa fé.

As raparigas de certa aldeia eram todas bonitas, mas de reputação muito duvidosa. Por isso quando se efectuava algum casamento, o noivo levava na cabeça um enorme chapéu ( o chapelão) para ocultar os vestígios que o mau procedimento anterior da noiva pudesse produzir.
Na aldeia havia apenas uma rapariga tida por honesta e, como tal, respeitada por toda a gente.
Começou a cortejá-la um rapaz, a quem os outros todos olhavam com inveja, por ser o único da terra que não precisava de “chapelão”.
Chegado o grande dia, e estando os noivos já prontos para irem para a igreja, a noiva reparando que o rapaz, ao contrário do uso da terra, levava um chapéu muito pequeno, disse-lhe: “Pelo sim, pelo não, leva o chapelão”.

Outra variante deste aforismo terá por origem a seguinte história:

Um pároco, sabendo que na sua paróquia as mulheres “conspurcadoras” da honra de seus maridos se contavam às dezenas, disse à missa conventual que, por ordem superior, intimava os seus fregueses a quem as mulheres não fossem fiéis, a irem no domingo seguinte à missa, de capote, sob pena 10.000 réis de multa.
À noite, á lareira, José da Silva Ramos, disse à mulher:
-Já que temos vagar contemos os que irão de capa à missa, principiando na nossa rua: o José da Estima terá de levar capote, porque a mulher arreganha a taxa para o mestre-escola. O Manuel da Bernarda terá de levar capa, porque a mulher faz muitas festas ao boticário. O João da Henriqueta irá de capa, porque a mulher foi à feira e o estudante comprou-lhe lá um cordão. O Aniceto… (era o paroquiano que se seguia ao Ramos).
- E Ramos, observa a mulher.
- Então se erramos, diz o marido, contemos outra vez.
E começou de novo pelo José da Estima e, ao passar pela sua porta e dar o salto para a casa do Aniceto, diz outra vez a mulher:
-E Ramos.
Responde o marido:
-Tornemos a contar.
Três ou quatro vezes a mulher lhe disse – E Ramos – sem que o homem percebesse a alusão, até que ela lhe falou assim:
- Pelo sim, pelo não, leva o teu gabão, não queira o diabo que pagues alguma condenação.
No domingo seguinte lá foi José da Silva Ramos a caminho da igreja, diademado como o José da Estima, o Manuel da Bernarda, o João da Henriqueta e o Aniceto, e, como eles, levando nos ombros o seu capote.


Bohn, no seu livro “ A polyglot of foreign proverbs” cita esta forma espanhola, similar: Por si ó por no, senor marido, ponéos la capila – e explica que a mulher assim respondeu ao marido quando este lhe disse que uma lei nova determinava que todos os maridos “cucos” usassem capuz.
Pelo sim, pelo não, trago sempre o meu gabão.
Fonte: Revista Lusitana

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